Nos casos de fimose fisiológica em crianças e adolescentes, o uso de pomada é a linha de ação recomendada antes de se recorrer à cirurgia.
A fimose fisiológica (também chamada de congênita) geralmente depende da falta de alargamento natural da abertura prepucial, nesse caso chamada de anel fimótico fisiológico. Esse anel fisiológico nada mais é do que uma faixa circular de tecido naturalmente fibroso, que dificulta a exposição da glande justamente para sua proteção durante a infância.
Na fimose patológica ou adquirida, no entanto, ocorrre a formação, após uma infecção ou lesão, de um anel de células inelásticas não-congênitas, que são ainda mais rígidas do que aquelas do anel fimótico fisiológico.
Embora se use a palavra fimose para ambas as situações, os dois casos clínicos são na realidade bem diferentes.
Diversos estudos demonstraram a eficácia de pomadas corticoides (também chamadas de esteroides) no tratamento da condição fimótica.
Corticoide é o nome utilizado para designar um determinado grupo de hormônios esteroides.
O efeito da pomada corticoide é o de criar uma ação anti-fibrótica e anti-inflamatória na pele do prepúcio, a fim de facilitar a descoberta da glande. Constata-se cientificamente que a aplicação local de uma pomada (ou creme) corticoide torna a pele mais fina e reduz a componente inflamatória, tornando esse tipo de substância útil para o tratamento da fimose congênita em crianças.
No Brasil, também existe uma pomada comercializada exclusivamente para o tratamento da fimose, a Postec: além do princípio ativo corticoide, esse medicamento ainda contém uma enzima chamada hialuronidase, cuja função é reduzir temporariamente a viscosidade do tecido conjuntivo e portanto tornar a pele mais maleável.
Vale lembrar que os corticoides, apesar de ajudar a tratar diversas doenças, também apresentam riscos para a saúde e podem causar sérios problemas quando usados de forma irresponsável.
Por isso, apesar de uma receita médica não ser obrigatória para a compra de uma pomada corticoide, recomenda-se seu uso apenas quando prescrita por um médico. Além disso, o controle adequado da glicose sérica é importante em pacientes que sofrem de diabetes.
Há quem pense que a aplicação de outros tipos de pomada, creme, óleo ou loção também ajude a resolver a condição fimótica. Essa ideia, no entanto, foi refutada por estudos clínicos que analisaram o tratamento da fimose com pomadas placebo (não-corticoides) e obtiveram resultados desfavoráveis.
Os dados científicos do setor referem-se apenas a pesquisas sobre fimose congênita em meninos ou, no máximo, adolescentes. É importante que isso seja enfatizado, pois a fimose em crianças é muito diferente daquela em adultos (e mesmo a fimose congênita pode apresentar alterações ao longo da infância).
O estudo clínico "A resposta da fimose à aplicação local de corticoides", realizado na Austrália, analisou o efeito de um tratamento com pomada (três tipos diferentes) em pacientes de até 16 anos com diferentes graus de fimose. Foi concluído que:
O sucesso do tratamento com pomada dependerá do tipo e grau de severidade da fimose e da resposta pessoal do paciente.
Considerações semelhantes às acima também foram publicadas em outros estudos clínico-científicos, validando a tese de que o tratamento com pomada corticoide pode ajudar meninos com fimose fisiológica. Mas e os adultos?
Para os adultos a abordagem precisa ser bem diferente.
Como já acenado, os únicos estudos clínicos já publicados sobre o assunto foram realizados em pacientes jovens, onde a fimose é principalmente congênita (ou seja, não há um anel fimótico resultante de inflamação e cicatrização). Para adultos, dado o tipo diferente de fimose (amplamente adquirida) e o estado maduro do pênis, os médicos normalmente indicam diretamente a cirurgia de postectomia (circuncisão) como linha de ação a ser seguida.
Já existem, entretanto, técnicas e aparelhos para o tratamento da fimose em adultos que podem ser utilizados como alternativa à circuncisão. Eles se baseiam em um princípio biológico amplamente estabelecido, que é o da capacidade natural do tecido epidérmico de mudar após dilatações progressivas persistentes. Saiba mais